08/03/2021 -
EMTU homenageia as mulheres que fazem o dia-a-dia do transporte metropolitano
No Dia Internacional da
Mulher, cinco profissionais dos transportes têm suas histórias contadas,
revelando mulheres com personalidades resistentes, dedicadas e sensíveis
No
VLT da Baixada Santista e nas quase 900 linhas intermunicipais gerenciadas pela
EMTU, nas cinco regiões metropolitanas do Estado, a presença feminina se
destaca de maneira diversa. E, nesse 8 de março, Dia Internacional da Mulher, quando
a atenção do mundo está voltada a valorização da força feminina e a reflexão
sobre a luta pela igualdade, contamos a história de cinco colaboradoras que
diariamente se empenham em realizar o transporte intermunicipal de milhares de
pessoas.
As
empresas que operam a frota metropolitana empregam mulheres nas mais diversas
funções. Aqui vamos falar de uma cobradora que percorre mais de 250 quilometros
por dia. Uma motorista que hoje é instrutora de 606 motoristas da empresa, dos
quais apenas 19 são mulheres. Uma outra motorista, que dirige um trólebus no
corredor ABD, relata um pouco de como é dirigir este veículo elétrico. Contamos
também a história de uma condutora do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que está
gravida de gêmeos e precisou se afastar temporariamente da função. Por último,
o relato de uma monitora de GPS que trabalha no Centro de Controle Operacional,
no Terminal Metropolitano de Campinas.
São
histórias de mulheres que às vezes são obrigadas a driblar preconceitos e conciliar
trabalho e obrigações caseiras, mas nunca desistem.
Alessandra Golçalves de
Andrade - RMSP (Alto Tietê)
Há quatro anos
cobradora da Alto Tietê Transportes, empresa do Consórcio Unileste, Alessandra
Gonçalves de Andrade faz diariamente o trajeto Santa Isabel - Mogi das Cruzes por
duas vezes num trajeto que totaliza 251 quilômetros e percorre seis municípios:
Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Arujá e Santa Isabel. Um
dia-a-dia puxado, mas que Alessandra faz questão de agradecer. "Procuro
trabalhar com alegria e agradeço a Deus por esse serviço", comenta.
Começa a
trabalhar às 4h40 e só retorna 12 horas depois, deixando em casa um filho de 15
anos, a mãe e o pai do seu filho, com quem ainda convive mesmo separada.
A saudade
diária da família e o ritmo do trabalho não a impede de observar o mundo ao seu
redor. "Vejo quando o lugar está abandonado ou quando as melhorias acontecem em
benefício da população, como a abertura de novos parques e as reformas em
locais públicos. ", observa Alessandra a respeito dos caminhos que percorre.
Ao transportar e
conviver com milhares de passageiros todos os dias, Alessandra também concluiu que
as pessoas andam mais frias hoje em dia. "Reparo nisso porque a maioria das
pessoas que levo diariamente são as mesmas e elas não se preocupam em conversar
umas com as outras e criar algum vínculo. "
Elizangela
Godinho - RMSP (Itapecerica da Serra e região)
Em 2007, Elizangela
começou como motorista da Viação Miracatiba, empresa do Consórcio Intervias,
que opera na região sudoeste de SP. Quatro anos depois mudou para inspetora,
depois coordenadora de linha e hoje em dia aplica treinamento e reciclagem para
os 606 motoristas da empresa - dos quais 19 são mulheres. Foi o segundo
funcionário do sexo feminino a ser contratado como motorista.
Elizangela
conta: "Até hoje sofro preconceito por ser mulher, mas a cobrança diária faz
com que a minha vontade de mostrar que sou capaz seja ainda maior", comenta.
Claudimara Carriel
da Rocha - VLT da Baixada Santista
Há quatro anos
trabalhando no Consórcio BR Mobilidade, que opera o VLT e o sistema
intermunicipal de ônibus na Baixada Santista, Claudimara da Rocha, 33 anos, já foi
motorista de lotação, fiscal e manobrista. Mudou recentemente de função por
estar grávida e por algum tempo vai executar serviços administrativos em vez de
conduzir o VLT. Claudimara está grávida de gêmeos, que virão para fazer
companhia a sua outra filha, de 14 anos.
Quando está na cabine
conduzindo o VLT, sente-se em casa, mas já ouviu de passageiros a famosa frase
"tinha que ser mulher" em momentos em que o veículo sofre algum problema no
trajeto entre Santos e São Vicente. Claudiomara conta, que as passageiras, por
outro lado, gostam de ver outra mulher à frente de um VLT.
Andrea Cristina
Tavares da Silva - RMSP (Corredor ABD)
Contratada há
dois anos pela concessionária Metra, Andrea, 45 anos, foi a primeira motorista
do sexo feminino a dirigir um trólebus ao longo dos 45 quilômetros do Corredor
ABD, que liga quatro municípios do ABC à capital paulista. E não teve moleza: no
treinamento aprendeu até a consertar a alavanca que, vez ou outra, desprende-se
da rede aérea. "Quando isso ocorre, puxo o freio, coloco as luvas e recoloco os
cabos no lugar certo", explica ela sobre um dos serviços que faz parte do seu
dia-a-dia. Além do trólebus, ela também dirige veículo com motor elétrico que
faz parte da frota da Metra.
Mãe de dois
filhos, uma menina de 18 anos e um menino de 14, Andrea cursava radiologia
antes de desistir para ser motorista. Hoje em dia, não se imagina em outra
profissão.
Elogia os colegas
de trabalho e raramente vê preconceito por parte deles. "Já os passageiros, às
vezes soltam piadas por eu ser mulher e motorista", diz. A maioria, no entanto,
costuma gostar. Segundo ela, a melhor parte da viagem é quando recebe deles o
"bom dia" assim que entram no ônibus.
Damaris
Glória Aguiar dos Santos - RMC
Com 22 anos, casada
e sem filhos, Damaris trabalha há um ano e meio como monitora de GPS em ônibus
da linha Campinas - Hortolândia. Quando começou na Bus+, concessionária
responsável pelo transporte intermunicipal da Região Metropolitana de Campinas,
seu local de trabalho era a garagem e se queixa de que lá sempre era olhada com
menosprezo por ser mulher. Desde que mudou de função, isso não acontece mais.
Damaris se
orgulha do trabalho que tem e da colaboração para com a sociedade. "A melhor parte
do serviço é saber que estou conquistando meus objetivos com meu próprio
dinheiro e assim, contribuindo com a sociedade", comenta. A pior parte são os
assédios de que, como mulher, ainda é vítima por parte de alguns profissionais no
Terminal Metropolitano, onde trabalha.
Atualizado em: 08/03/2021 18:07:31